11 de abr. de 2011

Mercado de eventos é dominado por empresas de pequeno porte

Organizações contam com número reduzido de funcionários, mas altamente especializados

Se você acha que são necessárias centenas de pessoas para organizar os grandes eventos que acontecem no Brasil, se enganou. A maioria é produzida por um grupo não muito maior do que 20 pessoas. 'Cerca de 90% das empresas organizadoras de eventos do País são de micro e pequeno portes', diz o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira das Empresas de Eventos (Abeoc), Alexandre Werfel. 'No entanto, as poucas pessoas que trabalham nestas empresas são extremamente especializadas. São aqueles funcionários que você não pode demitir', acrescenta.

Segundo ele, para se manter no mercado, os organizadores precisam conhecer bem o circuito de eventos, estarem atualizados em informática, ter bancos de dados organizados e falar mais de uma língua. 'Quem quiser fazer um evento grande vai se deparar com negociações em inglês, espanhol, francês ou até outra língua.' Dados da Embratur indicam que o mercado de eventos movimentou, no ano passado, R$ 9,9 bilhões. Dieter Brockhausen, diretor da Interfeiras - que promove duas vezes por ano a FIT 0/16, feira de moda infanto-juvenil - diz que no caso das feiras, é importante atrair o cliente final dos expositores. 'Não adianta montar uma feira com ótima estrutura e não atrair ninguém.' A empresa monta mailings e pacotes promocionais para incentivar a participação de lojistas.

Além disso, Brockhausen conta que na FIT ocorre uma pré-seleção dos expositores para a feira não perder o foco. 'Bons produtos e bastante clientes resultam num bom evento', acrescenta. A FIT atraiu em sua última edição, organizada por 16 pessoas, cerca de 13 mil lojistas. 'É bastante trabalhoso administrar 180 expositores e acompanhar o comportamento do mercado.' Sérgio Vieira Jr., diretor da Cia. Paulista de Som, trabalha com organização de eventos corporativos e particulares. Ele diz que o mínimo necessário para atuar no ramo é ter um bom telefone e uma agenda cheia de bons fornecedores. 'Atender bem um cliente também é fundamental, porque, por mais que se faça propaganda, a sua empresa só é contratada se for indicada por alguém. Um erro pode ser o fim.' A primeira coisa a pensar em um evento corporativo, segundo ele, é como destacá-lo e mostrar as marcas que o patrocinam sem exageros. 'É preciso pensar por onde as pessoas vão entrar, que luz vai iluminar o local, para onde as caixas de som vão estar viradas. Quando alguém contrata uma empresa para montar um evento, a última coisa que ela quer é que o som esteja alto demais ou uma luz exagerada cegue o orador.' Por vezes, é preciso ir de encontro à vontade do contratante. 'Se a exigência criar algum problema operacional, tem de convencer a pessoa de que não é possível fazer daquele jeito.' Vieira Jr. estima que a empresa vá crescer cerca de 15% este ano. 'Apesar de haver concorrência, este é um mercado em que ainda há espaço para todos.' Werfel, da Abeoc, diz que, só em São Paulo, realizamse 64 mil eventos por ano.

No Brasil todo, esse número sobe para 400 mil eventos com mais de 50 pessoas. A organização de um evento envolve até 126 categorias profissionais, entre recepcionistas, eletricistas, designers, promotores e muitos outros.
Ele estima que 5 mil empresas trabalhem na organização de eventos no País, sem contar as que prestam serviços para os organizadores. 'Hoje, por exemplo, ninguém mantém uma equipe de recepcionistas o ano todo.

As empresas as contratam para datas específicas.' Alexandre Werfel concorda em que há espaço para o aparecimento de novas empresas. O Brasil é o 19.º país em número de eventos internacionais e um dos maiores do mundo em eventos em geral. 'Há muito mercado a explorar, pois ocorrem eventos de todos os tamanhos todos os dias.' ?

Em geral, o hobby se torna um negócio

A promoção de pequenos eventos está perdendo o ar amadorístico

Os pequenos eventos, como reuniões empresariais e aniversários, também são responsáveis por grande movimentação no mercado de prestadores de serviços. 'De forma geral, são ocasiões altamente lucrativas para aquelas empresas que têm estrutura para fazer um evento grande', diz Alexandre Werfel, da Associação Brasileira de Empresas de Eventos. 'E há também muitas empresas que se especializaram neste tipo de eventos, aproveitando que o mercado acordou para eles.' Segundo Werfel, as empresas estão cada vez mais fazendo festas para comemorar bons resultados e as pessoas físicas contratam empresas para ocasiões especiais, como casamentos e formaturas.

A Chantilly Festas se especializou em realizar festas temáticas. 'Se a pessoa quiser uma festa árabe, uma festa tropical ou uma festa eletrônica com DJ, nós montamos o que ela quiser em qualquer cidade do País', diz Cláudia Chapier, uma das sócias da empresa. Para atender o Brasil todo, ela mantém uma agenda gigante de fornecedores em diversas cidades. 'Verificamos de onde fica mais fácil deslocar o material e fazemos a festa.'

Ela diz que nunca deixou de atender às solicitações de um cliente, mas alguns são bastante complicados. 'Um dos mais estranhos foi encontrar uma dançarina de dança do ventre que se apresentasse com uma cobra albina', lembra. O negócio começou porque a família de Cláudia sempre gostou de fazer festas e, com o tempo, os amigos começaram a pedir que ajudassem na organização. 'Chegou a um ponto em que ou teríamos de largar tudo, porque tomava tempo demais, ou formalizar o negócio e fazer disso nossa renda', conta a empresária.
Decidiram abrir a Chantilly e cada uma cuida de um assunto. Cláudia é responsável por fazer contatos e a irmã Renata pela decoração.

A Superfake é outro grupo do ramo de eventos que também começou como um hobby, conta uma das responsáveis pelo empreendimento, Fernanda Carvalho. A Superfake fornece luz, som, DJ e banda exclusivamente para pequenos eventos e festas. 'Há dois anos, compramos o equipamento e organizávamos algumas festas numa casa noturna no centro de São Paulo. Quando a casa fechou, passamos a trabalhar com eventos e festas particulares.' Fernanda diz que não há muita concorrência no ramo. 'Há muitos DJs e muitas empresas de equipamentos, mas poucas que ofereçam os dois serviços. Além disso, tem festa para todo mundo.' Ela conta que, em média, a Superfake participa de 4 festas de até 400 pessoas por mês. 'Ao montar uma festa, 50% são diversão. E os outros 50% são bastante trabalho.'

Ela sempre pede que os clientes contem sobre seus gostos, para montar uma seleção musical adequada. 'Gostamos muito de eletrônico e rock, mas tocamos de tudo. Já temos uma festa agendada para agosto em que pediram para tocar Dragostea Din Tei, a Festa no Apê em romeno.'

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