24 de mar. de 2011

Empresas inovam serviços.

Quer virar DJ? É possível. Ao menos por uma noite

Bares e restaurantes de São Paulo estão colocando clientes para discotecar; antes, o set list tem de ser aprovado pela casa

23 de março de 2011 | 0h 00
 
Valéria França - O Estado de S.Paulo
 
Tocar em uma balada sempre foi privilégio de profissionais do ramo ou de famosos que emprestam o nome para alavancar a noite. A novidade é que agora qualquer um pode bancar o DJ em restaurantes e bares de São Paulo, que resolveram abrir espaço para o público participar - de graça - da programação musical.

Leonardo Soares/AE-9/3/2011
Leonardo Soares/AE-9/3/2011
Assíduo. Telles leva seus vinis para 'compartilhar a memória'
 
As regras mudam de acordo com o estabelecimento. No Ave Bar, por exemplo, o esquema não é divulgado, mas basta entregar a playlist em CD ou pen drive para o garçom, e esperar que a trilha seja aprovada - sim, alguns ritmos, como pagode, não são aceitos.
Com um perfil pop rock alternativo, o DJ Club Bar também tem o lounge garantido para os interessados no projeto oficial "DJ por um dia". Antes, porém, é preciso enviar o set list (as músicas selecionadas) por e-mail para lounge@projetosound.com.br e combinar os detalhes.

No Bar do Santa, a brincadeira é levada mais a sério e o cliente fica ao lado do DJ contratado, que ensina a tocar de verdade. A ideia, que ganhou ares de balada, foi batizada de "Faça o seu set" e ocorre às sextas-feiras. "Eu não tinha a menor noção. Nunca tinha tocado antes", diz o empresário Jeferson Santos, de 42 anos, cliente assíduo. "Já aprendi vários truques."
O empresário ficou tão animado que a brincadeira virou hobby. Santos comprou até equipamento especializado para treinar em casa. "Uma noite dessas levei uns bongôs para fazer a percussão."
"Faça o seu set" já completou três meses. O tempo em que as pessoas ficam no comando do som depende do número de candidatos na fila para tocar. "A noite paulistana começa tarde, em geral. Aqui, a partir das 21 horas já está bem animado. E isso atrai ainda mais gente que não tem onde curtir o início da noite", diz Maurício Laranjeira, o proprietário do local. "Como a faixa etária do público é bem variada, o som surpreende. Toca de tudo um pouco. Até coisa que eu não gosto muito, como samba-rock."

Nostalgia. O restaurante marroquino Tanger optou por uma versão nostálgica e pôs uma vitrola para os clientes "discotecarem" todas as terças durante o jantar. O músico Guilherme da Silva Telles, de 42 anos, um entusiasta do retorno ao vinil, logo aderiu à ideia. Em casa, tem uma coleção de 150 discos, alguns que marcaram época, como Saturday Night Fever, lançado em 1977, com sucessos como How Deep is your Love, dos Bee Gees.
"É muito melhor do que ouvir sozinho em casa", explica Telles. "Dificilmente as pessoas escutam uma seleção dessas em um lugar público. Vê-las reconhecendo o som e compartilhando a memória é muito bom."

O projeto "Vitrola vintage" surgiu juntamente com a mudança de endereço do Tanger. "Sempre deixamos rolar um som mais eletrônico. Quando abrimos a nova casa, na Rua Harmonia, em janeiro, resolvemos inovar", conta a proprietária, Ariela Doctors. "É surpreendente a participação das pessoas. Como tem muita gente que fica sabendo só quando chega aqui, agora tenho um acervo de 200 títulos, com jazz, MPB e rock. E os clientes podem selecionar o que querem ouvir."

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